Thaís Ferreira
Existe uma fonte de energia que não agride o meio ambiente, é totalmente segura e usa uma matéria-prima que não acaba. E existe um país com potencial altíssimo para explorá-la. Esse tipo de energia é a eólica, que gera eletricidade a partir da força dos ventos, e o Brasil é um país privilegiado por ter o tipo de ventilação necessária para produzi-la. Por que, então, o parque eólico do país praticamente não existe até agora? Da matriz energética brasileira, a energia eólica é a menos usada. O Ministério de Minas e Energia estima que as turbinas produzam apenas 0,25% da energia consumida no país. Isso ocorre porque ela compete com uma usina mais barata e mais eficiente: a hidrelétrica, que responde por 80% da energia do Brasil. O investimento para construir uma hidrelétrica é de aproximadamente US$ 100 por quilowatt. Os parques eólicos exigem um investimento de cerca de US$ 2 mil por quilowatt. É um pouco menos que a construção de uma usina nuclear, de cerca de US$ 6 mil por quilowatt. Depois de instalada, porém, a energia dos ventos é bastante competitiva. Ela custa R$ 200 por megawatt, ante R$ 150 por megawatt, em média, das hidrelétricas e ante R$ 600 por megawatt das termelétricas. Os custos de instalação explicam por que, por mais ambientalmente atraente que seja a energia dos ventos, seu uso sempre tenha sido limitado. Essa situação está mudando. Hoje, há seis usinas em operação no país. Até dezembro, haverá mais 14 – como a de Mataraca, na Paraíba, inaugurada na semana passada. A produção neste ano será dez vezes maior que há três anos. A meta do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, o Proinfa, do governo, é incentivar a construção de outras 34 usinas (22 delas já estão autorizadas). Para atrair investidores privados, o governo deu a garantia de que comprará durante 20 anos toda a energia produzida. As 54 usinas, juntas, teriam capacidade para gerar energia equivalente ao consumo do Espírito Santo e da Paraíba. A energia dos ventos poderia abastecer até 200 milhões de brasileiros. Por enquanto, são apenas 252 mil famílias Esse investimento se justifica porque o Brasil precisa diversificar suas fontes energéticas. O principal motivo é evitar um apagão elétrico, como o de 2002. Outro motivo é que as hidrelétricas tendem a ficar mais caras, porque a maioria dos rios com maior potencial e melhor localização já foi usada. Os ventos, ao contrário, são um recurso ainda inexplorado. O Atlas do Potencial Eólico do Brasil, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia, afirma que a energia dos ventos poderia abastecer pelo menos 200 milhões de brasileiros. Por enquanto, são apenas 252 mil famílias. O Nordeste é a região mais privilegiada. Lá os ventos são constantes – condição ideal para as turbinas gerarem energia regularmente. Outra vantagem é o custo. Ao contrário de países como a Dinamarca, que por falta de espaço coloca suas turbinas no mar, o Brasil tem área para instalá-las em terra, o que é bem mais econômico. (Revista Época - 19/04/08)
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