Maurício Capela, de São Paulo
O empresário Everaldo Feitosa engorda as estatísticas. Controlador integral da Eólica Tecnologia, Feitosa faz parte de um grupo de investidores do setor de energia no país que aguarda o sinal verde do Ministério de Minas e Energia sobre a realização ou não do primeiro leilão de megawatts de fonte eólica no Brasil.
A julgar pelo preço da energia no mercado livre é bom o governo federal buscar mesmo a diversificação de sua matriz, porque o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), indicador medido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e que serve de referência para os grandes consumidores de energia no segmento livre, disparou na semana de 5 a 11 de janeiro de 2008. De acordo com a CCEE, o preço do MWh para as cargas pesadas, por exemplo, saltou de R$ 247,01 para R$ 475,53, alta de 92%.
"O PLD só mostra que o nível dos reservatórios está ruim, mesmo no início do período chuvoso", explica o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE). "Pelo jeito, neste ano, dependeremos das chuvas, do humor do presidente boliviano Evo Morales e do crescimento econômico do país", acrescenta Pires.
Mesmo diante deste cenário de preços em alta, o leilão ainda não tem data para sair do papel, apesar dos rumores apontarem para o primeiro trimestre de 2008. Com preço e prazo de contratação diferenciados em relação às demais fontes do insumo, o proprietário da Eólica Tecnologia garante que poderia negociar no pregão até 500 megawatts (MW).
"A expectativa é comercializar esse volume no leilão", conta Feitosa. Tanto é assim que o empresário diz ao Valor que tirar do papel essa quantidade de energia por meio da fonte eólica deverá custar perto US$ 2 milhões por MW instalado.
Mas enquanto o sinal verde do ministério não surge, Feitosa vai tratando dos últimos detalhes das usinas eólicas que a sua companhia vai erguer em Pernambuco e na Paraíba. Segundo cálculos do empresário, juntos, os projetos vão gerar 25,5 MW de energia e propiciar um faturamento anual conjunto de R$ 20 milhões.
"Espero colocá-los em operação até dezembro", conta Feitosa. Juntas, as usinas demandarão investimentos de R$ 130 milhões, mas a parte que cabe à Eólica é de R$ 120 milhões. Feitosa explica também que 20% sairá dos cofres do grupo e o restante virá de financiamentos do Banco do Nordeste e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Todas as usinas fazem parte do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e ficam no semi-árido nordestino.
Apesar de ter o pé em dois estados diferentes, Feitosa explica que as usinas pernambucanas vão consumir mais recursos, até porque possuem capacidade maior. Neste estado, o parque eólico será de 21,25 MW e consumirá ao redor de R$ 110 milhões do investimento total desenhado. Segundo a companhia, essas usinas serão capazes de abastecer ao redor de 37 mil residências, levando-se em conta um consumo individual de 150 quilowatt/hora (kWh). Em outras palavras, este montante equivale a uma população de 150 mil habitantes.
Mas não é só pelo tamanho do projeto que os recursos alocados em Pernambuco são maiores que os da Paraíba. Isso acontece também porque no projeto paraibano, a Eólica se associou a um empresário local. Cada um dos parceiros tem 50%, proporção válida para o investimento de R$ 20 milhões.
(Valor Econômico - 08/01/08)
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