Gustavo Paul e Henrique Gomes Batista
BRASÍLIA
Preocupada em evitar que os rumores de racionamento energético ofuscassem o balanço do primeiro aniversário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, negou ontem com veemência a possibilidade de faltar energia no país. A ministra disse que, se em 2001 as térmicas representavam 12% do total de energia gerado, hoje correspondem a 20% e, por isso, terão prioridade para receber o gás. Diante disso, porém, Dilma não escondeu que poderá faltar gás para outros fins, como para empresas e automóveis:
- Hoje não há a menor possibilidade de haver racionamento de energia. O Brasil terá de ter fontes térmicas para estabilizar o setor e a prioridade do gás é para as térmicas - assegurou.
Em discurso duro contra o uso do gás automotivo, Dilma lembrou que apenas Brasil e Argentina usam o combustível para este fim. Depois das térmicas, avisou, o insumo deve ser destinado às indústrias, pois aumenta a produtividade. Mas ela ressaltou que há perspectiva de aumento da oferta de gás no país:
- Não vamos fazer nenhuma ação contra o uso do gás veicular, mas fazer a conversão (de motores) agora é uma temeridade - avisou a ministra, lembrando que o carro convertido ainda pode circular com gasolina ou álcool.
Uma das novidades no setor energético foi a entrada da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, definitivamente na agenda do governo, saindo da categoria de "atenção" para a situação "adequada". A licitação de Belo Monte, uma das maiores obras do governo, capaz de gerar 11 mil megawatts (MW) de energia, foi projetada para outubro de 2009.
Dilma afirmou que o número de ações de energia incluídas no PAC aumentou de 531 em agosto para 602 em dezembro. Entre as grandes usinas em projeto ou construção, apenas a de Pai Querê, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, está em atenção - no primeiro balanço era considerada preocupante. Ela também destacou o início das obras de 15 usinas hidrelétricas, capazes de gerar 2.775 MW, e de 16 usinas térmicas, que produzirão 1.373 MW. Para transmissão de energia, foram concluídas cinco linhas. Outras seis linhas foram iniciadas, somando 3.090 quilômetros.
No setor de gás e petróleo, o governo além de incluir no PAC os megapoços de Tupi e Júpiter, este último anunciado na véspera pela Petrobras, acrescentou a implantação do terminal de regaseificação da Baía da Guanabara. Ele custará R$1,9 bilhão, será inaugurado em setembro e poderá processar 14 milhões de m ao dia.
Na área de transportes, além da concessão de mais dez trechos de rodovias à iniciativa privada, o governo incluiu no PAC a construção de 4,1 mil quilômetros de ferrovias. A idéia é repetir o sucesso do leilão de um trecho da Ferrovia Norte-Sul - em outubro, a Vale pagou R$1,4 bilhão pelo direito de usar a estrada de ferro.
- Nossa proposta é interligar, por bitola larga (com capacidade de cargas mais pesadas), o país de Norte a Sul ao Nordeste por trens, inclusive integrando portos - afirmou o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento.
(O Globo - 23/01/08)
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