Maria Lima e Gerson Camarotti
Não é pela preocupação com medidas que evitem um apagão energético que caciques do PMDB e do PT se digladiam pelo comando das empresas do setor. Somam R$26,7 bilhões os orçamentos das estatais que o PMDB vai controlar ou já controla, caso de Furnas. Os nomes indicados para os cargos, em sua maioria, são de técnicos da área, alguns desconhecidos, mas todos apadrinhados por políticos, os verdadeiros comandantes dessas empresas. Com a nomeação de Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia, o PT só conseguiu manter sob seu controle a presidência da Eletrosul, com um dos menores orçamentos da área, R$1.052.791.881 este ano.
A grande batalha se trava em torno da presidência da Eletrobrás, a jóia da coroa, com orçamento de R$14.358.371.579 em 2008. O nome mais forte é o do executivo do setor energético Evandro Coura, homem da confiança do senador José Sarney (PMDB-AP). Coura era até outubro o presidente do Grupo Rede, proprietário de oito distribuidoras de energia e 34 usinas hidrelétricas.
Apontado até por aliados de Sarney e pela oposição como uma espécie de "raposa tomando conta do galinheiro", o executivo é também presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Energia. Quando seu nome começou a ser costurado para o cargo pelo ex-ministro Silas Rondeau, Coura saiu da presidência do Grupo Rede. Aliados de Sarney consideram que ele foi muito ousado ao patrocinar o nome de Coura, pela estreita ligação dele com as concessionárias privadas.
- É um nome que a bancada resolveu apoiar de forma efetiva, levando-se em conta a importância dessa empresa para o país - disse Garibaldi, que assumiu a indicação, para tirar o peso de Sarney, que indicou também Astrogildo Quental para a diretoria financeira da Eletrobrás, além de ter emplacado Lobão no ministério.
- É um absurdo! Essa coisa de se desvincular e botar a mulher no lugar não engana mais ninguém. No governo ele será um superlobista - disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), referindo-se à informação de que Coura saiu da presidência do Grupo Rede mas deixou em seu lugar a mulher, Carmem Pereira.
Os defensores da indicação dizem que Sarney estava apreensivo com vetos a Coura no Planalto. Além da preocupação com o conflito de interesses, o grupo ligado ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), tenta emplacar no posto o ex-presidente da Eletronuclear Flávio Decat, apoiado pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Um dos menos ligados à área energética é o atual diretor do Detran no Pará, Lívio Rodrigues de Assis, indicado por Jader Barbalho (PMDB-PA) para a presidência da Eletronorte. Outro é o ex-deputado Jorge Boeira, apadrinhado da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) para a Eletrosul.
Ex-diretor de concessões de operações rodoviárias do antigo DNER no governo Itamar Franco, Livio foi demitido pelo então ministro dos Transportes Eliseu Padilha, no auge de denúncias de corrupção envolvendo o extinto DNER, hoje Dnit. Se nomeado, Lívio administrará na Eletronorte um orçamento este ano de R$5,4 bilhões. Engenheiro civil, ele é especialista em distribuição de energia elétrica e engenharia rodoviária. A família de Jorge Boeira, apadrinhado de Ideli para Eletrosul, tem empresas na área de revestimentos cerâmicos e metalurgia, em Criciúma (SC). Depois do apoio de Ideli a Renan Calheiros, o PMDB fez um acordo.
O PMDB já tem Luiz Paulo Conde no comando de Furnas, que terá este ano orçamento de R$7 bilhões. E o PR quer a presidência da Chesf, com orçamento de R$7 bilhões, para o ex-governador do Ceará e ex-tucano Lúcio Alcântara.
COLABOROU Gustavo Paul
(O Globo - 25/01/08)
One response to “Aliado de Jader assume R$5,4 bi da Eletronorte”
Lívio não é especialista em nada do que vc afirmou. Ele foi um simples engenheiro das antigas Centrais Elétricas do Pará (adquirida com as privatizaçoes pela REDE, do Coura, o homem que vai ser o "dono" da Eletronorte). É engenheiro Civil. E saiu às pressas da Celpa, antes que lhe caísse sobre a cabeça um pesadíssimo processo por corrupção ativa e passivsa, tal como ocorreru logfo após quando dirigia o mais rentoso Departamento do antigo DNER, no Governo Itamar.
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