Hans Blix, ex-inspetor da ONU para armas nucleares, opinou que, economicamente, 'não faz sentido' para o Brasil ter um programa de enriquecimento de urânio. Blix, que hoje coordena um centro contra a proliferação de armas nucleares foi alvo de uma polêmica antes da invasão americana no Iraque ao afirmar que não havia encontrado evidências de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição de massa.
Em entrevista à AE, o diplomata sueco defende o uso de energia nuclear, não vê o risco do desenvolvimento de uma arma nuclear na Venezuela e apóia a ampliação do número de usinas nucleares no Brasil. 'Estou mais preocupado com o impacto de hidrelétricas e do etanol na floresta amazônica do que com a segurança em Angra', disse.
Sobre os planos de governo brasileiro de retomar seu programa nuclear, Blix falou: 'Acho que faz total sentido ampliar o uso de energia nuclear no Brasil. O que não faz sentido é ter um programa de enriquecimento de urânio no País. Digo isso no sentido econômico mesmo. Não há porque manter todo o processo de enriquecimento, sendo que o País pode comprar o material facilmente. A Coréia do Sul conta com 20 usinas nucleares e nem por isso tem seu processo de enriquecimento. Se a Coréia com 20 usinas não tem, porque é que economicamente faria sentido para o Brasil com um número bem menor de usinas?'
Ele também negou que exista temor internacional de que o programa ou as iniciativas em Angra possam representar uma ameaça à estabilidade regional. 'Estou mais preocupado com o impacto de hidrelétricas e do etanol na floresta amazônica do que com a segurança em Angra. As usinas no Brasil são pequenas e o País tem certa experiência nisso já. Estou convencido de que o problema de mudanças climáticas representa uma ameaça mais importante ao mundo que uma eventual guerra nuclear ou uma ameaça regional'. E concluiu: 'Não levo a sério aqueles que afirmam lutar contra as mudanças climáticas, mas são contra a energia nuclear'.
(O Liberal - 06/12/07)
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