São Paulo, 16 de Julho de 2008
Com o anúncio da realização de leilões específicos e periódicos de energia eólica, feito recentemente pelo governo federal, as empresas do setor começam a tirar os projetos da gaveta. A companhia pernambucana Eólica Tecnologia é uma delas: a empresa prevê instalar em Gravatá (PE), cidade localizada há 40 quilômetros de Recife, uma central eólica com 25 megawatts (MW) de potência, 15 turbinas geradoras, por R$ 110 milhões. ´´O empreendimento estará em funcionamento em junho de 2009´´, diz Everaldo Feitosa, presidente da Eólica Tecnologia, que afirma ter mais 500 MW em projetos prontos para serem implantados.
Segundo Feitosa, o objetivo é colocar a energia da usina de Gravatá à venda no leilão A-3, que está previsto para ser realizado no primeiro semestre do ano que vem. ´´Vamos entrar no leilão com diversos projetos´´, diz Feitosa. O executivo prevê vender no certame mais de 400 MW instalados na região Nordeste do País.
´´Hoje um megawatt-hora (MWh) produzido por uma central eólica custa em torno de R$ 200, ou seja, um terço do que o governo federal paga hoje para acionar as térmicas a óleo diesel´´, compara o presidente da empresa. ´´A tendência é de mais redução no preço da geração eólica´´, prevê o especialista.
Feitosa afirma que, depois da confirmação da realização dos leilões para venda da eletricidade dos ventos, muitas empresas internacionais começaram a olhar o Brasil como o destino das suas filiais. ´´A eólica já é competitiva no Brasil, mas, por exemplo, o preço de uma turbina aqui é 20% ou 30% mais caro que no mercado internacional´´, afirma Feitosa. No novo projeto, em Gravatá, a empresa utilizará turbinas norueguesas.
´´Com a entrada de novas empresas aqui, os preços tendem a cair´´, comenta o especialista. ´´Com a alta no preço do petróleo e as preocupações mundiais com o meio ambiente, o governo brasileiro deveria aproveitar para começar a impor metas para incluir entre 1 mil ou 2 mil MW por ano de energia eólica no País´´, comenta Feitosa, que ressalta a iniciativa de outros países em desenvolvimento. ´´A Índia e a China já têm metas para ampliar a participação na energia eólica na geração´´, enumera o presidente da Eólica Tecnologia. Segundo ele, até 2030, a China prevê instalar 100 mil MW de eólica e a Índia, no mesmo período, programa incrementar 50 mil MW de energia do vento em sua matriz. ´´Nesse contexto, o Brasil está atrás e precisa definir uma política com urgência, ainda mais em tempos de crise do petróleo´´, salienta.
Maior central do País
A Eólica Tecnologia, lembra Feitosa, está instalando, em parceria com a Multiner, o maior parque eólico do Brasil, com 151 MW, no estado do Rio Grande do Norte. A central tem investimento total de cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é entrar em operação no início de 2010.
Primeira iniciativa
O estado de Pernambuco foi o pioneiro na adoção de fontes de energia renováveis. A geração de energia a partir de turbinas eólicas no Brasil teve início em julho de 1992, com a instalação de uma turbina de 75 kilowatts (kw) na ilha de Fernando de Noronha.
Desde então, 10% da energia consumida no arquipélago é gerada pelo vento. ´´Esse percentual poderia ter sido maior, mas, na época, as pessoas pensavam que não seria possível confiar no vento para gerar energia. Muitas dessas resistências foram quebradas com o tempo. Hoje os moradores são a favor da eólica´´, lembra Feitosa, que, na época, prestou consultoria para a viabilização do projeto.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Roberta Scrivano)
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