segunda-feira, 28 de julho de 2008

Usina de Belo Monte pode ter limite para local da construção

DA SUCURSAL DO RIO - Para evitar disputas como a que envolve as usinas do rio Madeira, o governo vai incluir no edital das próximas licitações para construção de hidrelétricas um limite máximo para o deslocamento da posição definida para a instalação do empreendimento.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a Aneel já estuda impor essa limitação no edital da usina de Belo Monte. Trata-se do maior projeto do país no setor elétrico, com potência de 11.182 MW -mais do que as usinas do rio Madeira, de Santo Antonio (3.150 MW) e Jirau (3.150 MW), juntas. Lobão anunciou também que a licitação para a construção de Belo Monte, no rio Xingu, será realizada no primeiro semestre de 2009.
Vencedor da licitação da usina de Jirau, o consórcio Energia Sustentável, liderado pelo grupo franco-belga Suez, alterou a posição da usina em 9 km alegando redução de custos (de R$ 1 bilhão) e menor impacto ambiental. A mudança gerou protesto da Odebrecht, que perdeu a disputa em consórcio com Furnas.
De acordo com Lobão, a Eletrobrás não participará dos próximos leilões, como já sugeriu o presidente da estatal, José Antonio Muniz. Só entrarão na disputa as subsidiárias Furnas, Chesf e Eletronorte.
O ministro disse ainda que a estratégia de as estatais manterem uma participação limitada a 49% nos consórcios será mantida. ´´Elas até podem ser majoritárias, mas não queremos que sejam. Vão ter 40% como é hoje.´´
Lobão disse ainda que a construção de um depósito definitivo para o rejeito atômico das usinas nucleares ´´não é uma questão fundamental a ponto de paralisar ou de deixar de se construir´´ Angra 3, no Rio de Janeiro. Para o ministro, Ibama e Ministério do Meio Ambiente fizeram ´´exigências brutais´´ -uma delas é o depósito.
Em contrapartida, diz, o Ministério de Minas e Energia empreende um ´´esforço bestial´´ para atendê-las.
Segundo Lobão, ´´algumas exigências são fundamentais; outras, não´´. Dentre elas, está a questão do resíduo, que poderá ´´ser resolvida no curso da obra´´, na visão dele.
Mesmo sem a definição de um projeto para o depósito dos resíduos de alta intensidade atômica (o combustível nuclear), afirma, as obras da usina terão início em 1º de setembro. Hoje, os rejeitos são armazenados dentro das próprias usinas de Angra 1 e 2 em piscinas de esfriamento, com capacidade para acomodar o material atômico utilizado até 2021.
O ministro afirmou ainda que, apesar de não existir um ´´tratamento absolutamente definitivo como preconiza´´ o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), o lixo atômico ´´é bem cuidado e bem tratado´´.
Procurado, Minc disse, por meio da assessoria, apenas que ´´apóia os termos do licenciamento do Ibama´´ -pelo qual a construção do depósito tem de ser iniciada antes da entrada em operação de Angra 3.
(Folha de S. Paulo - 26/07/08)

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