O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman classificou de "essencialmente político" o compromisso assumido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) de limitar o aproveitamento hidrelétrico do Rio Xingu à Usina de Belo Monte. A decisão, anunciada na semana passada, impede a construção de outras três usinas no rio.
Para Kelman, do ponto de vista técnico, todas os projetos poderiam sair do papel. "Tecnicamente, não há razão para não fazer as outras usinas", disse, em evento sobre transmissão de energia na Coppe/UFRJ.
O último inventário do Xingu, de 2007, indica a possibilidade de construção das usinas São Félix, de até 906 megawatts (MW), Pombal (600 MW), Altamira (1.848 MW) e Belo Monte (11.181 MW). Autora do estudo, a Eletrobrás, já recomendava a construção só de Belo Monte.
Na última semana, o CNPE proibiu a construção das três primeiras usinas. Com isso, a energia firme fornecida pelo Xingu cairá 28%, de 6.711 MW para 4.796 MW. A decisão do CNPE tem como objetivo reduzir os entraves ambientais à construção de Belo Monte, que deve ser licitada em 2009.
Kelman evitou criticar a decisão do CNPE, anunciada como um grande acordo entre as áreas energética e ambiental do governo, ponderando que "faz parte do jogo democrático" tentar agradar a todos os interessados. "É o típico caso de dar os anéis para ficar com os dedos", comparou.
O aproveitamento energético do Xingu enfrenta grande resistência de organismos ambientais e indigenistas, uma vez que há áreas indígenas em quase toda a extensão do rio. Nenhum dos três projetos suspensos, porém, provoca impacto sobre áreas demarcadas, disse o diretor-geral da Aneel, que proferiu palestra sobre o potencial energético da Amazônia.
(IG – Último Segundo - 22/07/08)
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